O Pouso Noturno a Bordo do A-11

Só dezoito horas.

Lá fora, o mar, com vagas, faz a belonave subir e descer num ritmo embalador. A escuridão celeste impera e atemoriza.

O vento a bater no costado do navio, em dueto com as vagas do mar, faz com que cânticos guerreiros sejam ouvidos.

No convés aberto, as aeronaves P-16 se preparam para aos céus ascenderem, desafiando a natureza.

As luzes de sinalização são testadas, o Oficial sinalizador de pouso checa suas comunicações e as luzes do aparelho auxiliar de pouso.

A movimentação é intensa: homens gritando, tratores rosnando pra lá e pra cá. O navio, mais uma noite, prepara-se par lançar aos céus seus tentáculos aéreos.

Abaixo do convés de voo, os Cardeais, no seu ninho, que às escuras simula o ambiente externo, são alertados para a atenção que deve ser tomada no voo noctívago, sem horizonte terrestre.

A expectativa égeral e paira no ar.

Os neófitos, com seus corações saltitantes, esperam ansiosos o chamado, pelo alto-falante, para guarnecerem suas aeronaves.

Realmente, são momentos de grande excitação.

Uma voz ecoa: – Guarnecer aeronaves!

Este aviso soa como uma besta medieval, que a todos impulsiona em uma frenética preparação de seus equipamentos de voo e de suas máquinas, fazendo-as uivar ao vento, que estão prontas a decolarem.

A primeira, pela catapulta, éimpulsionada ao ar.

A segunda, em decolagem livre, varre o convoo com seu grito de guerra e se confunde com céu e mar.

De repente me vejo no vácuo. Olho derredor e a escuridão é total. Na mente em flashes: ordens, cheques e atitudes de voo. Tudo faz minha mente evolucionar.

O treinamento anterior criou reflexos e, como autômato, os utilizo durante o voo.

Na realização do tráfego e na preparalção para pouso, a sensação sentida é de ser pequeno e grande, impotente e poderoso ao mesmo tempo, envolvido naquela imensidão do universo, onde mar e o céu se fundem num só envoltório.

Quão pequeno se torna o “A-11”. Só o vejo, através de uma tênue luz vermelha que, com a aproximação, se vai transformando num contorno de uma pequena pista de pouso flutuante.

Esta distância… e este tempo….. que me separam do enganchamento no NAel são acelerados; e como num passo de mágica, ouço a ordem:

– Recolher gancho ! Dobrar asas !
Pousei…
Venci…
O Cardeal está livre para voar….

Autor Cel. Av. Manuel Bezerra Barreto Reale

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