Em virtude das operações militares de assistência às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, a Força Aérea Brasileira não comemorou o Dia da Aviação de Patrulha conforme o cerimonial previsto para a festividade, cancelando, inclusive, a Reunião da Aviação de Patrulha (RAP) com a participação das três Unidades de Patrulha: o 1º/7º Grupo de Aviação (GAV), da Base Aérea de Santa Cruz; o 2º/7º GAV, da Base Aérea de Canoas (BACO); e o 3º/7º GAV, da Base Aérea de Belém (BABE).
Em vez de uma grande cerimônia, as Bases Aéreas celebraram a data com solenidades internas sem a participação de convidados e com a leitura da Ordem do Dia da Aviação de Patrulha redigida pelo Comandante de Preparo (COMPREP).
Em Santa Cruz, o Comandante da Base Aérea, o Coronel Aviador Juliano Barros Cota, permitiu, em caráter excepcional, a participação da Associação Brasileira de Equipagens da Aviação de Patrulha – ABRA-PAT, que foi representada por seu Presidente, o Major-Brigadeiro do Ar R/1 Carlos Eurico Peclat dos Santos.
O evento consistiu em uma formatura das unidades da Guarnição de Santa Cruz, com o 1º/7º GAV em posição de evidência para a entrega de Destaques Operacionais a seus tripulantes e a leitura da Ordem do Dia pelo Comandante do Esquadrão Orungan, o Tenente-Coronel Aviador Alan Elias Lemos Mattar.
Logo após a leitura, o Comandante da BASC deu por encerrada a singela homenagem, dispensando a tropa.
Guardiã das nossas fronteiras marítimas, a Aviação de Patrulha desempenha um papel vital na defesa da Pátria, tendo a responsabilidade de vigiar, ininterruptamente, toda a extensão do mar territorial brasileiro.
Esse trabalho é cumprido com maestria, há mais de 80 anos, pelos pilotos e tripulações que compõem a Patrulha. São olhos e ouvidos atentos às ameaças e às atividades suspeitas que possam comprometer a soberania da Nação, além de garantir uma prontaresposta a emergências.
Sua gênese se deu em cenário de guerra. Opondo-se à opressão nazifascista das potências do Eixo, a jovem Força Aérea Brasileira intensificou seus esforços para proteger os navios mercantes no Atlântico Sul, ativando Bases Aéreas litorâneas e adestrando seus militares para o desafiador combate antissubmarino.
Assim, em fevereiro de 1942, o Ministério da Aeronáutica instituiu o patrulhamento sobre o oceano, que teve seu Batismo de Fogo meses depois. No dia 22 de maio, o Capitão Aviador Parreiras Horta e o Tenente Aviador Pamplona, pilotos da aeronave B-25, realizaram sua primeira investida. O alvo era o submarino italiano Barbarigo, avistado dos céus e imediatamente atacado com uma salva de dez bombas de 45 kg. Esse foi o primeiro dos 11 submergíveis afundados pela FAB até o final da Segunda Guerra Mundial.
Sobre essa época, o saudoso Major-Brigadeiro do Ar Ivo Gastaldoni, que também marcou a história dessa Aviação, ressaltou: “Nossas asas começaram a projetar sombras protetoras nas águas brasileiras”. Essas sombras, agora projetadas pelos Esquadrões Orungan, Phoenix e Netuno, continuam percorrendo o vasto oceano, protegendo nossas riquezas.
Com o passar dos anos, novas tecnologias e doutrinas surgiram, ampliando, cada vez mais, a importância da Aviação de Patrulha, a qual passou a atuar alinhada aos novos conceitos de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR). Vetores também foram adaptados e estrategicamente posicionados para o cumprimento da missão. O êxito, no entanto, é fruto da dedicação e do preparo dos nossos tripulantes que, diuturnamente, enfrentam inúmeros desafios, condições meteorológicas adversas, situações de risco e longas horas de observação.
Em tempos de paz, essa gloriosa Aviação continua a contribuir com o país, seja por meio do desenvolvimento da Guerra Eletrônica e da Pesquisa Operacional, seja no cumprimento das missões da tarefa de IVR, implantando plataformas remotamente pilotadas e garantindo a salvaguarda da vida humana no mar.
Ao celebrarmos o Dia da Aviação de Patrulha, refletimos sobre o profissionalismo dos nossos militares, sempre prontos a atuar onde o Brasil precisar.
Exemplo recente dessa prontidão, foi a participação imediata do Esquadrão Phoenix na Operação Taquari II, prestando apoio nas áreas alagadas do Rio Grande do Sul, endossando as ações da Força Aérea nesta calamidade nacional.
Enfatizamos, hoje, o nosso compromisso com o povo brasileiro, seguindo com a missão de sermos as asas que protegem a Nação.
Nobres patrulheiros, que o legado de nossos antecessores possa impulsioná-los, ainda mais, na galhardia de serem, perenemente, as sentinelas avançadas de nossas fronteiras. Sejam capazes de voar alto, com coragem e compromisso, permeados com a determinação coletiva em bem cumprir a missão, em nome da paz e da defesa de nossa Pátria.
JAJÚKA PIRÁ WAÍ! PATRULHA!
Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic
Comandante de Preparo